Sob fogo cruzado: antecedentes, construção e desmonte do programa De Braços Abertos na Cracolândia paulistana


“Então, se pode afirmar, como se tem repetido, que a “complexidade” dos problemas e os procedimentos legais seria o que diferenciaria políticas de governo de políticas de Estado? As políticas de Estado configura-se em certos procedimentos, como o debate e aprovação na esfera legislativa e estudos técnicos densos. Mas seria estas caracterizações suficientes para entender a forma como o Estado tem lidado  com populações  vulnerabilidades?  Os relatos dos usuários nos mostram que a única política que historicamente lhes foi reservada são as necropolíticas. A própria Cracolândia pode ser interpretada como uma necrópole. Todas as pólis (lugar da biopolitica) têm suas necrópoles.  Os nomes dados para as ações do Estado para esta população deixa claro às intenções baseadas exclusivamente na repressão: Tolerância Zero, Operação Limpa e Operação Dor e Sofrimento. Desde meados dos anos 1990 até a criação do DBA, as ações do poder público na região foram marcadas pela predominância do dispositivo policial e por possuírem um caráter de ação imediata e pretensamente definitiva, com a intenção de acabar com a Cracolândia.”


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