Necrobiopoder: maternidade, raça e gênero entre Brasil e Portugal


Necrobiopoder: maternidade, raça e gênero entre Brasil e Portugal

 

CADERNOS PAGU – JUNHO DE 2024

Berenice Bento**

Karla Costa***

Bruno Costa****

A publicação desta entrevista com Berenice Bento (UnB e CNPq) vem no seguimento de um encontro público on-line entre a investigadora e ativista pelos direitos humanos e Karla Costa, no papel de representante da SaMaNe (Saúde das Mães Negras e Racializadas em Portugal)1, associação sediada em Portugal e criada, em 2020, como movimento social de base.

O percurso de Berenice Bento se fez nos estudos de gênero e queer (ou transviad@s, tradução para o português proposta pela autora) como campos de investigação e ação política. Nesses campos de investigação-ação, destacamos a publicação de duas obras fundamentais para os estudos transviad@s, particularmente no contexto de língua portuguesa: A reinvenção do corpo: gênero e sexualidade na experiência transexual (Bento, 2006) e Transviad@s: gênero, sexualidade e direitos humanos (Bento, 2017); mas também o seu papel como organizadora do dossiê Mães contra o Estado: maternidade, luta, luto (Bento, 2021b), na Revista Cult, um documento que apresenta reflexões particularmente relevantes no que diz respeito ao contexto desta conversa.

Nesses trabalhos, a autora e ativista tem vindo a desenvolver conceitos como “dispositivo da transexualidade”, “heteroterrorismo”, “transfeminicídio” e “genocidade”. Contudo, num diálogo que parte do trabalho organizado pela SaMaNe em torno das questões da maternidade de pessoas racializadas em Portugal, priorizamos a discussão dos conceitos de “necrobiopoder” e “necrobiopolítica”. No artigo Necrobiopoder: Quem pode habitar o Estado-Nação (Bento, 2018), a socióloga pensa a articulação entre gênero e raça nas suas interfaces com a questão da maternidade a partir de uma análise de arquivos parlamentares e legislativos que se fez entre Brasil e Portugal. Essa é uma travessia que remete para as hierarquias coloniais e raciais desenhadas desde, pelo menos, finais do século XV, e onde se destaca o tráfico atlântico de pessoas negras escravizadas, a quem a autora faz referência a partir de uma leitura particular da Lei do Ventre Livre, de 1871.

A organização da conversa – integrada num conjunto de ações promovidas por associações e movimentos sociais em todo o mundo em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho) e ao Dia Internacional da Mulher Africana (31 de julho) – e das perguntas ficou a cargo de Bruno Costa (CES-UC), Karla Costa (SaMaNe), Laura Brito (SaMaNe e CES-UC) e Carolina Coimbra (SaMaNe).

 

Confira na íntegra:https://www.scielo.br/j/cpa/i/2024.n70/


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *