Diferença sexual e abjeção: qual o gênero das pessoas escravizadas?


Diferença sexual e abjeção: qual o gênero das pessoas escravizada?

Berenice Bento

 

“O que restou de humano, qual a marca de humanidade reconhecível naqueles corpos? Eram mulheres escravizadas e homens escravizados (a marca de gênero). A diferença sexual, contudo, não nos autoriza a afirmar que estamos diante de corpos generificados, qualidade dos corpos inteligíveis, os nascidos livres. É como se, ao falar “mulheres e homens escravizados” (porque generifico a condição escrava), eu os empurrasse para dentro da humanidade, mas a condição escrava os expulsasse. A diferença sexual é outro nome para a vida nua, vida desprovida de cultura. As pessoas livres tinham gênero, as escravizadas, diferença sexual, uma diferença que será valorizada exclusivamente para efeitos de mercantilização.” (“Diferença sexual e abjeção: qual o gênero das pessoas escravizadas?”, Berenice Bento. In: Teoria queer e contextos sociais de aprendizagem. Organizadores: Mário de Faria Carvalho e André Luiz dos S. Paixão. O livro está na versão e-book.


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