Sobre o livro:
“Abjeção: A construção histórica do racismo” é o resultado de uma pesquisa de seis anos que, inicialmente, se debruçou sobre os debates que aconteceram no Parlamento brasileiro entre os meses de maio e setembro de 1871, quando se discutiu o futuro da primeira geração de pessoas negras livres no país.
No dia 28 de setembro de 1871, a princesa Isabel assinou aquela que ficou conhecida como Lei do Ventre Livre. No entanto, aqui se inaugurou uma encruzilhada legal. As mães seguiriam habitando a esfera do necropoder, enquanto os/ as filhos/as passariam a habitar, legalmente, a esfera do biopoder.
Para analisar essa aparente encruzilhada, Berenice Bento propõe o conceito de necrobiopoder em articulação com o de genocidade. Ainda que se tenha debruçado sobre a análise dos anais parlamentares de 1871, a pesquisa não se limitou a essa esfera.
A preocupação central do livro é apontar as linhas de continuidade do passado colonial e escravocrata na contemporaneidade. O conceito central que opera as disputas ontológicas é o de abjeção.
Para a autora, os corpos negros nunca chegaram a ser plenamente reconhecidos em suas condições humanas. A relação entre racismo e abjeção é o pano de fundo das reflexões que atravessam a obra e elegem os debates parlamentares de 1871 como um referente histórico que segue informando as políticas de Estado para a população negra.
Os efeitos de quase quatrocentos anos de escravidão atravessam a sociedade brasileira em todos os níveis, inclusive nos feminismos. A emergência do feminismo negro, como uma voz singular interna aos feminismos, aponta a impossibilidade de pensar a condição generificada das mulheres sem trazer para o centro a questão racial, o que provoca uma cisão (nomeada aqui de “guerra feminista”) considerável com o feminismo que considera o gênero como determinante para explicar a opressão das mulheres.
LANÇAMENTO EM BRASÍLIA,
DIA 20/06, ÀS 18H, no SEBINHO (SCLN 406, Bloco C)